Joãozinho e Mariazinha

Joãozinho e Mariazinha


(Conto Grimm)




Esta é uma das estórias mais contadas para as crianças. Existe uma infinidade de versões ilustradas do conto de Joãozinho e Mariazinha, o que demonstra o quanto ele é preferido pelo público infantil. Porém, quantas mães não sentiram um arrepio a contá-lo aos seus filhos, como se quisessem poupá-los da visão da possibilidade de existirem mãe ou madrastas tão ruins no mundo, capazes de mandar seus filhos se perderem na grande floresta e morrer! Isso vai contra o instinto maternal natural numa mulher! Então, porque esse conto?


Os sociólogos nos explicarão que antigamente eram muito freqüentes as mães morrerem no parto, e os filhos ficarem órfãos e terem uma madrasta. O conto serviria, assim, para permitir à criança órfã entrever a possibilidade de sobreviver, mesmo sem mãe e com uma madrasta, acabar com a bruxa e se tornar rica depois de muito sofrimento.


Mas, será que João e Maria- e quantas crianças no mundo não têm esse nome- não poderiam ter haver com qualquer criança no seu confronto com a figura da mãe? E, talvez, não só ter haver com os meninos de pouca idade, mas poderiam referir-se a um lado infantil de nós, adultos, e nossa necessidade de rever como a figura da mãe em nível pessoal.


A própria vida certamente é uma mãe, seja ela boa protetora e afetuosa, ou má, cheia de perigos, querendo nos conduzir para dificuldades, sofrimentos, e terminando em morte.


Ela até pode até parecer uma madrasta nesse sentido.


Devemos ter cuidado, sendo mulher e mãe, de não nos identificarmos totalmente com a função de mãe, esquecendo que também somos uma Mariazinha. Isso quer dizer que todos nós, de alguma maneira, passamos pela situação de sermos mãe e filha, ou filho, ao mesmo tempo. Conhecemos desde pequenos, desde que não somos mais carregados no colo, à sensação de abandono. É como se se revelasse à criança, com essa experiência, que sua mãe pode ser um pouco madrasta. De repente, ela para de lhe dar comida na boca e exige que ela coma sozinha; é levada a escola, e a mãe a abandona ali. Ao mesmo tempo em que se sente feliz de ser maior, sente-se também abandonada. São “florestas” que a criança tem de enfrentar; pois, sentindo-se pequenina e só, experimenta o abandono, ao mesmo tempo em que tem a curiosidade e a vontade de conhecer essa nova realidade.






Maiores informações e outras interpretrações a respeito desse conto leiam: O QUE CONTA O CONTO? Jente Bonaventure.

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