O incômodo e magnífico Jesus



Quem ganhou e quem perdeu?

Naquele 7 de abril do ano 30, aos olhos dos discípulos tudo parecia perdido. Judas traíra Jesus, Jesus fora preso, torturado, sulmariamente julgado e condenado a morrer entre dois ladrões.
Pilatos o entregara aos inimigos, mesmo garantindo que não o achava culpado. Herodes o devolvera a Pilatos pela mesma razão. Não havia crime configurado. Mas Anás e Caifás e os do grupo do poder que, desde o primeiro ano de sua pregação, o juraram de morte, estavam satisfeitos. Haviam vencido. Livraram Israel de um herege, um blasfemo, um profeta incômodo que desobedecia às leis do judaismo e levara o povo para seu lado. Escaparam, também, de um possível desastre para Israel, que poderia ter sido esmagado pelos romanos, caso Jesus tivesse ido mais longe. E havia ido longe demais.

Vinte séculos depois é bem mais fácil avaliar o resultado daqueles fatos. Pilatos é apenas mencionado como um político frágil que se deixou manipular. Nada mais se sabe dele. Não preocupa os estudiosos. Herodes é mais conhecido por sua devassidão do que por alguma realização humanitária. Anás e Caifás também não passam de personagens curiosos e estranhos a um século como o nosso. Não se sabe nem o nome nem nada a respeito de todos aqueles que tentaram _ e conseguiram _ matar Jesus. Mas Jesus continua conhecido, amado, adorado, questionado, perseguido em muitos países que optaram pelo ateísmo ou por outras religiões. Indiferente a ele, o mundo não ficou.

Vinte séculos depois, num mundo de mais de quatro bilhões de pessoas, cerca de um bilhão acredita nele e pelo menos outro bilhão o vê como um homem de bem que merece destaque na História do Mundo.

Seus seguidores ainda não conseguiram realizar o seu projeto de um reino de irmãos a que ele chamava de Reino dos Céus. Por culpa deles mesmo, muitas vezes o projeto de Jesus foi deturpado. Milhões deles traíram as idéias de Jesus, fazendo exatamente o oposto de tudo de tudo que ele queria para a humanidade. Em nome dele cometeram-se atrocidades incríveis, que ele jamais teria aprovado. Em nome dele criaram-se costumes e leis que certamente condenaria. Em nome dele muita gente viveu no luxo e no jogo do poder e da injustiça, coisas que ele sempre condenou como indignas do homem.

Mas sempre houve os Antônio de Lisboa e Pádua, os Francisco, os João Crisostómo, os João de Deus, as Isabel, as Tereza de Calcutá, os Charles de Foucauld, os Vicente de Paulo, os Camilo de Lellis, e milhares de homens, mulheres, jovens, velhos e crianças que acreditaram de fato na sua mensagem e na sua vida e fizeram a opção preferencial pelos pobres sofredores, pelos jovens, pelos marginalizados, pelas pessoas indefesas...

Ditadores, reis, sistemas políticos e econômicos que vieram depois dele continuam tentando unir os povos, ou subjulgá-los. Buscam a todo custo caminhos de justiça e de igualdade. O planeta esta todo minado de ogivas nucleares e bombas poderosíssimas que, em questão de minutos, reduzirão a terra a um monte de cinzas, se algum dia algum governante louco ou desesparado apertar os fatídicos botões da morte.

O mundo de hoje, aparentemente, não precisa dos conselhos dele. Os que mandam no planeta jamais o consultam e duvidam da eficácia dos seus métodos e a maioria dos bilhões que o admiram e seguem, conhecem-no apenas superficialmente. Os que realmente vivem como Jesus viveu e pensam como Jesus pensou são poucos.

Quem ganhou e quem perdeu?

Os que rezam pela cartilha de Marx, Stálin, Lênin ou outros próceres do comunismo, garantem que Jesus foi útil a humanidade até há algumas décadas atrás, mas que agora Jesus é coisa do passado. 
Os que rezam pela cartilha do capitalismo insistem que Jesus não faz diferença para eles, porque nunca precisaram dele para viver como vivem...A utopia de Jesus é bonita, mas não funciona...

O futuro dirá se Jesus veio apenas para  durar vinte séculos ou se veio para reeducar o homem nos caminhos da fraternidade, para todo o sempre.

 Enquanto isso os que de fato acreditam têm uma gigantesca tarefa pela frente: provar ao mundo que o projeto de Jesus é o único que tem alguma chance de libertar a humanidade da fome, da miséria, do ódio e da violência.

José Fernandes de Oliveira
(Pe. Zezinho, SCJ)

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Uma música que gosto de ouvir e me emociona:
     
   


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