VIII. A Justiça |
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O arcano do Equilíbrio, da Imparcialidade |
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Compilação de Constantino K. Riemma
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Marselha-Camoin |
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Uma mulher, sentada num trono, tem em sua mão direita uma espada desembainhada com a ponta virada para cima, e na esquerda uma balança com os pratos em equilíbrio. A mão que segura a balança encontra-se à altura do coração. |
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Este personagem, que é visto de frente, está vestido com uma túnica cujo panejamento sugere uma mandorla (ver arcano 21 – O Mundo), espaço de conciliação das polaridades. |
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Não se vêem os pés da mulher nem a cadeira propriamente dita. Aparece, em compensação, com toda nitidez, o espaldar do trono: as esferas que o arrematam estão talhadas de maneira diferente. |
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Significados simbólicos |
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Justiça, equilíbrio, ordem. |
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Capacidade de julgamento. |
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Conciliação entre o ideal e o possível. Harmonia. Objetividade, regularidade, método. |
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Balança, avaliação, atração e repulsão, vida e temor, promessa e ameaça. |
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Interpretações usuais na cartomancia |
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Estabilidade, ordem, persistência, normalidade. Lei, disciplina, lógica, coordenação. Flexibilidade, adaptação às necessidades. Opiniões moderadas. Razão, sentido prático. Administração, economia. Obediência. |
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Soluções boas e justas; equilíbrio, correção, abandono de velhos hábitos. |
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Mental: Clareza de juízo. Conselhos que permitem avaliar com justeza. Autoridade para apreciar cada coisa no momento oportuno. |
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Emocional: Aridez, secura, consideração estrita do que se diz, possibilidade de cortar os vínculos afetivos, divórcio, separação. Este arcano representa um princípio de rigor. |
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Físico: Processo, reabilitação, prestação de contas. Equilíbrio de saúde, mas com tendência a problemas decorrentes de excessos (obesidade, apoplexia), devido à imobilidade da carta. |
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Sentido negativo: Perda. Injustiça. Condenação injusta, processo com castigo. Grande desordem, perigo de ser vítima de vigaristas. Aburguesamento. |
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História e iconografia |
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Bamberg (1237) |
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A representação da Justiça como uma mulher com balança e espada (ou livro) data provavelmente de um período remoto da arte romana. |
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Durante a primeira parte da Idade Média, espada e balança passaram a ser atributos do Arcanjo Miguel, comumente designado por Micael ou São Miguel, que parece ter herdado as funções do Osíris subterrâneo, o pesador de almas. |
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Mais tarde estes elementos passam para as mãos da impassível dama, da qual há figurações relativamente antigas na arte medieval: um alto-relevo da catedral de Bamberg, datado de 1237, a representa deste modo |
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Tudo indica que a iconografia do Arcano VIII seguiu com bastante fidelidade a tradição artística. |
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A espada e a balança são, para Aristóteles, os elementos representativos da justiça: a primeira porque se refere à sua capacidade distributiva; a segunda, à sua missão equilibradora. Ao contrário das alegorias inspiradas na Têmis grega, a Justiça do Tarô não tem venda sobre os olhos. |
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É comum relacionar este arcano ao signo zodiacal de Libra. Ele representa, como aquele, nem tanto a justiça exterior ou a legalidade social, mas sim a função interior justiceira que põe em movimento todo um processo psíquico (ou psicossomático) para determinar o castigo do culpado, partindo já da idéia de que “a culpa não é, em si, diferente do castigo”. |
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Também se atribui à balança uma função distributiva entre bem e mal, e a expressão do princípio de equilíbrio. A espada, por sua vez, representa a sentença, a decisão psíquica, a palavra de Deus. |
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Na repartição do Tarô em três setenários, a ordem que Oswald Wirth estabelece é descendente, correspondendo aos arcanos I-VII a esfera ativa do Espírito; aos VIII-XIV, a esfera intermediária,anímica; aos arcanos XVI-XXI, a esfera passiva do Corpo. |
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O segundo setenário – que se inicia com a Justiça – corresponde àAlma ou ao aspecto psicológico da individualidade. |
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“O primeiro termo de um setenário – diz Wirth – desempenha necessariamente um papel gerador. Assim, o espírito emana da Causa Primeira (O Prestidigitador), a alma procede do Arcano VIII, e o corpo, do XV (O Diabo)”. |
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Examinado do ponto de vista dos ternários, a Justiça (8), ocupa o segundo termo do terceiro ternário, sendo precedida pelo Carro (7), que cumpre aí a função geradora, enquanto ela, a Justiça, passa a exercer a função de organizadora. |
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Neste sentido – confirmado por sua localização na ordem dos ternários – Wirth ressalta o caráter esotérico do Arcano VIII: nada pode viver sem cobrir a distância entre a origem e o equilíbrio, já que os seres não existem a não ser em virtude da lei à qual estão submetidos. |
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É interessante também analisar a correspondência simbólica entre aJustiça (8) e o Imperador (4), já que há uma aliança evidente entre os princípios de Poder e Lei e a busca da harmonia do governo (de um estado, de uma situação, da individualidade). Vale lembrar a esse respeito que, tradicionalmente, cabe ao soberano a aplicação da justiça. |
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Na mitologia grega, Zeus gera em Têmis (a fraternal divindade justiceira do Olimpo grego), entre outras filhas, as Horas ou Quatro Estações, e Diké (ou Diqué), a personificação da Justiça. Essa filiação permite relacionar o Arcano VIII à ordem do quaternário, detalhe que já se evidencia a partir de seu número (8 = 2 x 4). |
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Diké, a deusa grega da Justiça -->
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