XIV. A Temperança |
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O Arcano da Inspiração e da Alquimia |
Compilação de Constantino K. Riemma
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Um anjo com rosto feminino derrama o conteúdo de um vaso em outro. O personagem é visto de frente, com o rosto ligeiramente inclinado para a esquerda e para baixo, e o tronco voltado na mesma posição. |
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Sua vestimenta tem várias cores: azul, de cada lado do corpete, e na metade esquerda da saia; vermelho, nas mangas e na outra parte da saia. As asas são azuis (ou cor de pele, na edição Grimaud). Os pés permanecem ocultos pelas pregas da saia. |
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A flor no topo da cabeça, o botão amarelo no meio do peito (ou um panejamento dourado, em outras versões), salientam chacras ativos do personagem. |
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Três linhas onduladas unem os vasos que o anjo segura; o líquido derramado pode representar as energias em transmutação. |
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Na edição Camoin (ilustração ao lado), a barra do vestido, em amarelo, representaria serpentes entrelaçadas, sob controle do anjo, aos seus pés. Ou seja, representa seu vínculo com a circulação das energias em diferentes níveis de manifestação. |
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Significados simbólicos |
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A elaboração cuidadosa das polaridades. A transmutação dos elementos e a alquimia. Renovação da vida, abertura às influências celestes, circulação, adaptação, flexibilidade. Serenidade. Harmonia. Equilíbrio. |
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Interpretações usuais na cartomancia |
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Tolerância, paciência, praticidade, felicidade. Aceitação dos acontecimentos, flexibilidade para adaptar-se às circunstâncias. Educação, trato social. Caráter elástico para enfrentar as transformações. Temperamento descuidado. |
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Mental: Espírito de conciliação, ausência de paixões no julgamento; dá o sentido profundo das coisas, como representante de um princípio eterno de moderação. Exclui a rigidez, o emperramento. Corresponde à flexibilidade e ao plástico. |
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Emocional: Os seres se reconhecem e se encontram por suas afinidades. Sob a influência desta carta são felizes, mas não evoluem e não conseguirão se livrar um do outro. |
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Físico: Conciliação nos negócios, atividades e empreendimentos. Pesam-se os prós e contras, encontra-se a maneira de estabelecer um compromisso, mas se ignora se o empreendimento será ou não coroado de êxito. Reflexão, decisão que não pode ser tomada de imediato. |
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Do ponto de vista da saúde: enfermidade difícil de curar, porque se alimenta de si mesma. |
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Sentido negativo: Desordem, discordâncias. Indiferença. Falta de |
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personalidade, passividade. Inconstância, humor irregular, desequilíbrio. Tendência a se deixar levar pela corrente, submissão à moda e aos preconceitos. Resultados não conformes às aspirações. Derramamento, saída, fluxo involuntário. As coisas seguem o seu curso. |
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História e iconografia |
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A mulher que derrama líquido é uma alegoria muito comum durante a Idade Média para representar avirtude da temperança: supunha-se quemisturava água no vinho para diminuir os seus efeitos. Curiosamente, a mesma imagem serviu durante os primeiros séculos do cristianismo para ilustrar o contrário: o milagre das bodas de Canaã, onde a mulher – por ordem de Jesus – vira a água que vai se transformar em vinho. |
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Com outros significados pode ser encontrada nos versos de Horácio: “O cântaro reterá por longo tempo o perfume que o encheu pela primeira vez”. |
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Mistura de anjo e mulher, A Temperança evocou sempre, para os investigadores do Tarô, o mito dohermafrodita. Tema recorrente e vastíssimo, por um de seus aspectos – que é o que aqui interessa – a androginia tem sido considerada desde tempos antigos como premonição feliz. Isto faz da Temperança uma carta amável, do ponto de vista adivinhatório, cuja presença alivia a densidade do oráculo. |
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Arcano de reunião, e portanto de equilíbrio – aconiunctio oppositorum, em sua fase anterior à bissexualidade – onde o derramar do líquido já foi interpretado como metáfora das transformações: apassagem do espiritual ao físico, do sentimento à razão. |
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Do ponto de vista astrológico está em paralelo com as representações aquarianas, que por sua vez guardam correspondência com o simbolismo deIndra, divindade hindu da purificação. |
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Temperance, Pedro del Pollaiuolo, 1470 |
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www.aiwaz.net |
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Tarô de Oswald Wirth |
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Wirth relaciona a androginia da Temperança ao elemento relacionado ao quinto ternário do Tarô, que provém da morte assexuada (XIII) e culmina no Diabo bissexual (XV). É preciso assinalar também sua localização como último termo do segundo setenário, que corresponde à Alma ou psique, plano da personalidade fluente, flexível e instável na natureza, relacionada às águas em quase todas as teofanias, assim como o Espírito é associado à luz (fogo, ar) e o Corpo à terra. |
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O tema do derramamento e dos vasos gêmeos e opostos dominam, por outro lado, as especulações sobre os prodígios terapêuticos. Neste aspecto, o Arcano XIIII é claramente o curador, o agente reparador e reconstituinte, aquele que verte a harmonia universal sobre o desequilíbrio individual. Como o Eremita, lembra os médicos, curandeiros e charlatães; mais ainda, lembra conselheiros, confessores e terapeutas. |
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Resta estabelecer uma leitura da Temperança no contexto do inesgotável simbolismo aquático, pois se refere à matéria unívoca (o oceano primordial), à corrente circulatória que mantém a vida (chuva, seiva, leite, sangue, sêmen), à mãe (o meio aquoso enquanto |
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elemento pré-natal) e às imersões como rito de morte e ressurreição (batismo).
Fonte: http://www.clubedotaro.com.br/site/m32_14_temperanca.asp
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